quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Maria "Nossa Senhora" também é nossa mãe? - Estudando nos passos de Maria.

ESTE POST FAZ PARTE DE UM LIVRO CHAMADO: "ESTUDANDO NOS PASSOS DE MARIA" COM AUTORIA DE Carlos J. Magliano Neto E SE TRATA DE UM LIVRO EM RESPOSTA ÀS ACUSAÇÕES QUE NÓS CATÓLICOS SOFREMOS QUANTO A MARIA. CASO QUEIRA VER A  CADA PÁGINA DO LIVRO VOCÊ PODERÁ CLICAR NOS NÚMEROS REFERENTES  A CADA PÁGINA, NOS INDICADORES DE "<< PÁGINA ANTERIOR E PRÓXIMA PAGINA >>",  OU NO ÍNDICE.

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Cena do Evangelho de João 19,25-27: “Perto da cruz de Jesus, permaneciam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena. Jesus, então, vendo sua mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: ‘Mulher, eis o teu filho!’ Depois disse ao discípulo: ‘Eis a tua mãe!’ E a partir dessa hora, o discípulo a recebeu em sua casa”. Da leitura dessa perícope, a Igreja na sua sabedoria milenar retira belíssimos ensinamentos. É o que vamos passar a ver.
Pela localização do texto dentro do Evangelho se percebe que ele pretende trazer algo a mais do que apenas um cuidado filial de Jesus para com sua Mãe. A perícope, especialmente os versículos 26 e 27, se localiza na seqüência final onde Jesus está cumprindo as profecias da Escritura, veja:

v. 24: “Disseram entre si: ‘Não rasguemos a sua túnica, mas tiremos a sorte, para ver com quem ficará’. Isso a fim de se cumprir a Escritura que diz: ‘repartiram entre si as minhas roupas e sortearam minha
veste’”

v. 26 e 27: “Jesus, então vendo sua mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: ‘Mulher, eis o teu filho!’ Depois disse ao discípulo: ‘Eis a tua mãe!’”

v. 28: “Depois, sabendo Jesus que tudo estava consumado, disse, para que se cumprisse a Escritura até o fim: ‘Tenho sede!’”

v. 36 e 37: “Pois isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura: ‘Nenhum osso lhe será quebrado’. E uma outra Escritura diz ainda: ‘Olharão para aquele que transpassaram’

Compreendendo o contexto, a Igreja nunca duvidou em dizer que Jesus apresenta aí a Mulher prometida por Deus desde o peca-do de Adão (cf. Gn 3,15), fazendo de Maria a nova Eva, apresen-tada como Mãe daquele a quem Jesus ama: o fiel redimido pelo seu sangue. É interessante salientar que João no seu Evangelho parece reescrever os primeiros capítulos de Gênesis (a narração da criação do mundo). Três importantes elementos, pelo menos, são comuns entre os dois. João começa o Evangelho da mesma forma como se inicia Gênesis: “No princípio...” (Jo 1,1, compare com Gn 1,1).       João então discorre por toda a vida de Jesus, chamando a Maria sempre de “Mulher” (cf. Jo 2,4 e 19,26), da mesma forma como é chamada a mãe da descendência que venceria o mal. E se o homem foi criado e posto num jardim (cf. Gn 2,8) e ali se iniciou sua culpa (cf. Gn 3,1-13), também o sacrifício para a salvação da humanidade começa (cf. Jo 18,1) e termina num jardim (cf. Jo 19,41). Tudo isso além do pecado, que venceu na árvore do paraíso, mas na árvore da Cruz foi vencido (cf. Oração Eucarística III, Missal p.482; pref. p. 656).

Mais do que isso, a Igreja ainda vê nessa cena a Virgindade Perpétua de Maria, pois quem passa a tomar conta de Maria na ausência de Jesus é João, e não os “seus filhos”, o que seria o mais lógico. Acerca desse texto, o senhor comenta:

“Finalmente podemos mostrar que Jesus entregou Maria aos cuidados de João porque tinha preocupações espirituais com ela. Jesus desejava entregá-la aos cuidados de um de seus seguidores, e seus irmãos ainda não tinham se convertido: ‘Porque nem mesmo seus irmãos criam nele’ (Jo 7:5)”                                              (pág. 31)

O texto de João 7 citado pelo senhor, mostra-nos mais detalhes do que se pode perceber de uma leitura superficial. Ele comenta sobre a falta de fé dos “irmãos de Jesus”. Logicamente, se Jesus tivesse outros irmãos consangüíneos, estes seriam mais novos, afinal Ele foi o primogênito (cf. Lc 2,7) e certamente seriam bem mais novos, pois quando Jesus aparece já com doze anos, ainda não há nenhuma menção sobre eles (cf. Lc 2,41-52). Pois bem, jamais na cultura semítica de 2000 anos atrás, irmãos mais novos (e digamos, bem mais novos) teriam uma atitude de superioridade diante do irmão mais velho como percebemos que os “irmãos” de Jesus tiveram para com Ele em Jo 7,3-4: “Então os irmãos de Jesus disseram: ‘Tu deves sair daqui e ir para a Judéia, para que também teus discípulos possam ver as obras que fazes. Quem quer ter fama não faz nada às escondidas. Se fazes essas obras, mostra-te ao mundo’”. Isso nos faz pensar que não poderiam ser irmãos mais novos de Jesus, pois a cultura oriental não permite um diálogo nesse nível de espontaneidade e autoridade por parte de irmãos mais novos.


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